- Área: 170 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Antônio Preggo
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Fabricantes: Atual Granitos, Esquadrias, Metro Materiais
Descrição enviada pela equipe de projeto. Buscamos uma arquitetura contemporânea e genuinamente pernambucana.
Localizado em condomínio particular em área limítrofe do perímetro urbano de Caruaru, principal cidade do agreste pernambucano, o lote possui orientação sudeste, de maior incidência dos ventos durante o ano.
Optamos por uma arquitetura simples no quesito ostentação, porém grandiosa na questão da emoção, da simbiose sensorial. Podemos dizer que esse “caminho” está absolutamente relacionado à personalidade dos arquitetos, detentores de uma intuição mais contida no ato de projetar, mas que por vezes implode de tanta expressão artística e significado.
A Casa Cobogó é mais uma arquitetura que surge a partir do vazio, quase que central, um lugar de chegada, que precede uma sutil promenade arquitetônica.
Materiais naturais como madeira, artesanais como o ladrilho hidráulico, e aparentes e “brutos” como o concreto, o ferro e o vidro, aliados à uma sutileza no uso de cores e um pé-direito baixo (2,26m – medida do Modulor referente à altura do homem médio com braço levantado) conferem ao lugar uma ambiência acolhedora e “humana”.
O desafio mais pragmático do projeto foi atender ao programa de necessidades relativamente vasto para o tamanho do lote (375m²) e um desejo de espaços amplos e por vezes abertos. Tudo isso em um único pavimento. A solução natural foi: integrar os “recuos obrigatórios” aos ambientes, eliminado qualquer “espaço morto” dentro dos limites do terreno, tanto nas áreas externas à construção como às internas. Podemos claramente perceber essa intuição desde o acesso de pedestre, passando pelo terraço, bem como na garagem e na horta orgânica.
Evaldo Coutinho defendia a arquitetura enquanto produto da construção, e não do projeto. E que a única maneira de sentirmos sua essência espacial era estando na própria obra. O fato de termos projetado e construído a obra, nos permitiu mais uma vez fazer experimentos durante a execução, o que certamente foi fundamental para o resultado final.
Outros dois aspectos importantes para nós eram o conforto ambiental e o controle da privacidade. Septos, marquises, cobogós, esquadrias estrategicamente localizadas e dimensionadas, são alguns elementos arquitetônicos que surgem como solução. Em alguns casos, elementos, como por exemplo a “pele” (muro de tijolo manual aparente) da fachada frontal que protege os quartos, surgem como solução para ambos problemas. Por ser uma parede vazada, permite a passagem da iluminação e ventilação natural ao mesmo tempo que confere privacidade aos usuários da casa e permite a visão da rua aos mesmos. Além é claro de um apelo estético e poético.
Pensando na dimensão funcional da casa, duas premissas foram importantes na estruturação da planta. Queríamos a possibilidade de dois acessos independentes e distantes entre si, um para veículo e outro para quem chegasse a pé. Era importante para nós que ambos nos levassem inicialmente à área social da casa. Dessa forma, a sala surge com uma espécie de vestíbulo, só que localizado no centro da edificação, e que dá acesso direto à área íntima e à cozinha. Uma solução prática e simples.